“Hoje em dia nenhuma menina diz, quero ser costureira, porque o salário não seduz mais as pessoas para querer viver somente da costura”. O desabafo da costureira Rosilene Aparecida Silva Matos de quarenta e um anos de idade, exerce a profissão há mais de vinte e três anos e tem cursos de especialização em corte e costura, modelagem industrial e desenho de moda, fala que o maior desafio de se encontrar costureiras que saibam exercer o ofício é encontrar costureiras que saibam costurar.
A dificuldade de se encontrar costureiras em Belo Horizonte nos dias de hoje é visivelmente percebida. Com vagas sobrando para o ofício de alfaiataria e costura em Belo Horizonte, o Sindicato dos Oficiais Alfaiates Costureiras de Belo Horizonte e região metropolitana, o principal motivo apontado pela queda de demanda dos profissionais é o baixo salário. De acordo com o secretário do Sindicato, Ricardo Augusto do Santos, de trinta anos de idade, a especialização dos profissionais não chega a ser o maior problema: “Hoje uma costureira trabalha quarenta e quatro horas semanais, são oito horas e doze minutos diários para não precisarem trabalhar aos sábados, e o piso salarial mínimo de uma costureira é de R$550,00, podendo chegar ao máximo á R$700,00 contando com os sete por cento de gratificação que recebem”. Conclui Ricardo.
Baseando nesta realidade a costureira Rosilene, que não trabalha de carteira assinada há muitos anos, diz que não compensa uma pessoa trabalhar duro um dia inteiro para fazer uma peça de roupa, sendo que nas fábricas se faz o mesmo, em maior escala e por um preço muito reduzido.
Proprietária da loja de reforma de roupas Vista Veste no bairro São Joaquim em Contagem, Rosilene afirma que com o novo hábito de se comprar roupas em lojas já prontas, o trabalho da costureira ficou muito desvalorizado: “Para você fazer um vestido bonito e bem acabado, se gasta um dia ou mais para fazê-lo, entre a cliente experimentar e ajustar o acabamento. Você cobra neste vestido uns R$80,00 reais, sendo que você vai a uma loja e compra um vestido por R$60,00 reais ou menos, o tempo que se gasta fazendo um manual não compensa, e as pessoas não querem pagar mais caro em algo que elas podem ter mais barato a pronta entrega”. Conclui Rosilene. Segundo a costureira, pessoas que podem pagar por roupas personalizadas, são aquelas que têm o poder aquisitivo maior, podem pagar por um trabalho bem feito e bem acabo, porque não é só o custo do material em si, mas também tem a mão de obra que acaba encarecendo mais no preço da roupa.
Mas nem todas as costureiras vivem da renda da costura, muitas fazem por puro prazer ou simplesmente como complemento de renda.
O perfil das pessoas que buscam um alfaiate, costureira ou bordadeiras é o fato de poderem usar uma peça mais exclusiva, a exemplo disso, a costureira e tricoteira Rachel Oliveira de sessenta anos fala da importância em se fazer o diferente no meio de tantos produtos iguais: “Atualmente tem se buscado no artesanato, uma roupagem nova, pela saturação do mercado industrial, que em série fabrica as peças em frios padrões, como o próprio inverno”. Conclui Rachel. Aposentada no ofício de professora de ensino fundamental e trabalha como técnica em prótese em uma clínica odontológica, a costureira Rachel Oliveira, exibe com orgulho seus trabalhos e se sente satisfeita com a valorização dele, sob várias encomendas ela fala da importância de se dedicar a esta arte de transformar a linha em roupa: “Dedico meio período do meu dia ao tricô, porque exige uma disciplina ao desenhar e cortar as peças para um trabalho ímpar, o desafio de tecer, a alegria de realizar ,o trançar de fios e , o novo se fazendo realidade, em um mundo macio de muitas tonalidades”. Conclui Rachel.
O curso é uma forma de especialização para aquelas pessoas que pretendem fazer da costura como profissão, mas o curso também é válido para os profissionais que quiserem aprimorar seus conhecimentos, aplicando novas técnicas para se manter atualizado no que há de novo em técnicas de cortes e alfaiataria.
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